Alívio democrático

Hoje é o dia depois da eleição mais disputada da história democrática brasileira. Ontem, por apenas 1,8% a mais de votos, pouco mais de 2 milhões, Lula venceu Bolsonaro. Foi um alívio democrático. A ameaça à democracia, Bolsonaro, uniu pelo voto de João Amoêdo a Boulos. Praticamente toda a direita liberal declarou voto ao ex-presidente e agora presidente eleito: Armínio Fraga, Edmar Bacha, Simone Tebet, Henrique Meirelles, Joaquim Barbosa, Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes, José Serra, Tasso Jeiressati entre muitos outros. Mais, o ex-tucano e adversário histórico de Lula e do PT Geraldo Alckmin foi eleito vice-presidente.

Luiz Inácio fez um discurso para unir o país após o TSE declará-lo como presidente eleito. Ele disse: “esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.” Já o presidente derrotado ficou recluso e não admitiu a derrota até o momento.

Agora, olhando para frente e pensando em 2023, os primeiros desafios de Lula serão um déficit gigante no orçamento e um Congresso majoritariamente bolsonarista. Ontem o país disse não a Bolsonaro, mas o bolsonarismo está e estará presente por muito tempo ainda. Será preciso educação, muito estudo de história do Brasil e da política, para descontruir essa direita pouco democrática que emergiu no país na última década.

Temos uma projeção de déficit no orçamento acima de 6% para 2022 e acima de 8% para 2023. Temos déficit e desafios imensos a superar, 33 milhões de brasileiros com inseguranças alimentar é o principal deles. Temos promessas de campanha, como a isenção de IR para salários de até R$ 5 mil reais que diminuirão a arrecadação se não forem compensadas com um imposto mais progressivo e justo. A educação tem desafios imensos a serem superados, e a educação é o motor do desenvolvimento. Não existe país desenvolvido que não tenha investido pesadamente em educação.

A inflação dos alimentos é outro problema. A inflação é um imposto oculto e perverso que afeta diretamente o pobre.

Ainda temos outros muitos desafios menos latentes, mas não menos importantes, como reestabelecer a confiança do mundo no Brasil e o desmatamento que cresceu nos últimos 4 anos.

O presidente Lula terá muitos desafios a superar para colocar o Brasil no caminho do desenvolvimento. Destaco aquele que considero o principal, a reforma tributária. Aqui os super ricos abocanham mais de 1/4 da renda nacional, o que é assustador. Em países desenvolvidos como a França e o Japão os 1% mais ricos absorvem 10% da renda nacional. A diferença é colossal e precisa ser atacada com impostos progressivos. A reforma é necessária em ao menos dois sentidos, a progressividade na taxação do imposto já falada, e sua simplificação. É preciso ser mais fácil pagar imposto. Não há um brasileiro se quer que entenda de A a Z as muitas leis tributárias brasileiras, é preciso simplificação.

O primeiro passo foi dado, elegemos um presidente que não afronta os pilares democráticos e tem olhos para o social, o que já é um alívio.

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