A eleição acabou, e agora?

Hoje faz duas semanas que o segundo turno da eleição ocorreu e Lula foi eleito para um terceiro governo a começar em 01 de janeiro de 2023.

E faz duas semanas que o país tem um presidente que não governa. O presidente Bolsonaro ao se isolar depois da derrota eleitoral mostra como é incompatível ao cargo que exerce, como sua vitória eleitoral em 2018 foi um acaso. Ele apenas se aproveitou de uma aversão ao PT somado a uma onda reacionária travestida de conservadorismo. Ele tem o mérito de ter percebido isso e ajustado sua narrativa em direção à demanda social. Mas nada além. Ele é tecnicamente e culturalmente fraco.

Não ir à cúpula do G20 na Indonésia na próxima semana é prova disso. Ele deixa seu ranço e mágoa emergir acima dos interesses nacionais que ele mesmo dizia estar acima de tudo. Se mostra um garoto mimado que está de cara fechada porque o pai não o deixou comprar o chocolate desejado no supermercado.

Além de Bolsonaro só o ditador Russo, Putin, não estará presente. E as razões são óbvias.

A ausência do presidente brasileiro é sinal de que ele não entendeu a importância do cargo que ocupa, sua ausência escancara sua irrelevância para o mundo. Ele não faz falta, ninguém tem interesse em saber o que ele pensa sobre nada. E isso para a nação brasileira é vergonhoso.

Mas como Bolsonaro é ex-presidente em exercício, falemos do presidente eleito:

Lula acerta ao fazer de seu vice, Alckmin, o líder da equipe de transição. Também acerta ao trazer os pais do Plano Real, André Lara Resende e Persio Arida, para a equipe de transição econômica. Assim ele sinaliza ao mercado que fará um governo com responsabilidade fiscal.

Mas Lula erra ao falar de improviso e destacar o problema certo com palavras erradas. Ele acertou ao enfatizar a prioridade para com os pobres, que é preciso assisti-los. Mas errou ao dizer que a responsabilidade fiscal não é importante. Ele coloca o problema como um trade-off, como se não fosse possível ter um olhar aguçado ao social e responsabilidade fiscal ao mesmo tempo. Mas além de possível é fundamental para o desenvolvimento sustentável do país. Mas só para não deixar dúvidas, responsabilidade fiscal não é sinônimo de superávit primário. Mas escrevo melhor sobre isso em outra oportunidade.

Por último quero jogar luz para a importância que terá o ministério da educação. A maioria dos desocupados são, obviamente, os menos educados. Será preciso um debate profundo em como inserir no mercado de trabalho pessoas com baixa qualificação em um mercado que exige cada vez mais conhecimento especializado. A produtividade do brasileiro é baixa e a deficiência técnica é grande. No século passado trabalhos braçais eram literalmente braçais, mas hoje eles exigem alguma habilidade técnica que muitos desocupados não possuem.

Os desafios para 2023 são muitos, na verdade os mesmos de décadas, que sempre foram negligenciados por todos os governantes. Mas as possibilidades de contornar o problema e apresentar soluções paliativas são menores hoje. Não dá mais para adiar, o país precisa definitivamente encarar e atacar seus problemas.

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